sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Volta ao Mundo" - a Revista

Com o entusiasmo e medo partilhados, o meu irmão estende-me o número 114 da revista "Volta ao Mundo" e diz-me com um sorriso de traquinice (e faz todo o sentido pensar onde os meus sobrinhos foram buscar esta expressão!) no alto dos seus 1,80m (mencionar a altura tem mais impacto pois eu tenho menos 25cm...): "Surrupiei-a de casa da minha sogra! Este número não tinha cá, já é de 2004... empresto-ta mas tenho de devolvê-la".


Como toda esta viagem é vivida, de diferentes formas, por todos quantos me amam, o meu irmão teve também um interesse súbito para começar a ler sobre essa terra antes descoberta e que também eu vou descobrir.

Ansiosa pela viagem, agradeço o sossego ao ler as reportagens da revista que me fazem acreditar que também é "casa" onde vou estar. Acredito que, embora nos esqueçamos disso, esteja no nosso "código genético" (e desculpem-me se digo barbaridades de pessoa das letras, mas nisto acredito) esta ânsia de conhecer novos mundos. Somos cidadãos de um Portugal tão bonito, mas também somos cidadãos do mundo.

Naquele bilhete viajará todo um país que carrego e levarei de forma entusiasta, mais do que derrotada com "o estado das coisas".

Certo, certo... é que a revista acabou por ficar comigo! :)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

"Mãe, estou na Índia"










http://maeestounaindia.blogspot.com/

Como calculam, desde que "Goa" foi dito aos meus ouvidos (juro que por vezes ainda ouço sussurrar, qual destino encantado!), não há destino que tenha procurado mais, fotos que não me tenham chamado a atenção. E no meio destas pesquisas encontra-se de tudo, do pior e do melhor.
No meio do "tudo" quanto vi, encontrei o blog acima. Logo o devorei e as dúvidas intensificaram-se e as grandes perguntas sobressaíram. Quereria mesmo viver esta experiência com o bom e mau da coisa?

Apressei-me a deixar um comment (agora vejo que faz hoje um mês!) a fazer mil perguntas e a pedir feedback! E assim foi: o Marco entrou em contacto comigo e acabou por ser a voz que mais me tranquilizou e ajudou a tomar a decisão, por ter vivido a mesma experiência.
Ouvi-lo entusiasmado com a minha ida, a reconhecer em mim alguns medos e ansiedades, ouvir histórias e precauções é algo de que me tenho alimentado para ganhar mais força, mais entusiasmo, maior fôlego. Como se, na verdade, fossem necessárias mais estas pitadinhas! :) Foi o meu marco decisor! Ahahhahah... bela chalaça! Já é o nervoso miúdinho a funcionar (em breve, calculo que o miúdinho vire nervoso homenzarrão!!).

Esta bela história para dizer que não foi a única pessoa que descobri em blogs. Mas foi a única que consegui conhecer pessoalmente. Foi hoje, aqui em Lisboa. E, amigos, não se preocupem, rapaz normal e saudável, mesmo depois de 5 meses em Goa!! :)
Obrigada Marco, pelas experiências partilhadas, a disponibilidade que demonstraste e por teres salvaguardado que eu não desistiria da experiência! Boa sorte para o teu novo projecto.

(fotos gentilmente surrupiadas do blog acima =) Vejam mais!)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Contagem decrescente

Ontem foi dia da primeira dose de picas... Serviu de desculpa para não ir à natação por ter os braços doridos =P
Passei um belo almoço e bela tarde na companhia da afilhada querida. Muitas fotos com a fisheye pois tenho de treinar muito para levar para terras orientais! A ver se já percebo um pouco mais da senhora. A máquina entenda-se!

Foi quase uma despedida antecipada e personalizada. Dela como menina solteira e minha em terras lusas. E ainda deu para compras... divertidas e a aproveitar o som que passa nas lojas :)
Hoje é dia de visto. Tenho de me despachar nos preparativos, está visto!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Serve de convite

"A Índia é um país que os ocidentais deveriam visitar, pelo menos pelo facto de ali terem sido postos em prática com coerência ideias e conceitos de vida que, na Europa, ou foram adoptados ou transpostos para a realidade de maneira negativa e efémera."

(Alberto Moravia, Uma ideia da Índia, Impuridade)

Ou pelo facto de eu estar lá! ;)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Passaporte

Hoje fui buscar o passaporte... comprei a passagem de manhã.



Não tinha passaporte por só ter viajado na Europa. Agora sim, passaporte electrónico, com cabelos atrás das orelhas (ainda bem que são pequeninas), sem sorrir e sem óculos. Podia ser o meu passaporte ou de outra pessoa qualquer... com aquela foto!! ME-DO!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Viajar na Índia

"Uma viagem pela Índia significa um passeio através da uniformidade de um pais imenso e, ao mesmo tempo, extraordinariamente unitário. À medida que os quilómetros vão passando nos marcos à beira da estrada e os lugares tão sonhados vão desfilando, um sentimento de desilusão, a principio incerto e depois cada vez mais convicto, insinua-se no espirito do viajante que vai em busca do pitoresco. Nomes orientais que, lidos no mapa, o tinham levado a esperar inimagináveis magias exoticas, servem ao invés para indicar cidades em que, à excepção de alguns monumentos muito notórios, mas não excepcionais, tudo é muito semelhante, de tal modo que ter visto uma é o mesmo que tê-las visto todas. Com efeito, a cidade indiana não é mais do que um enorme bazar(...) pitoresca à primeira vista e, depois de um olhar mais atento, assaz monótona, com aquela monotonia confusa e um pouco irritante que é própria da pobreza e da ausência de qualquer plano urbanístico. E o campo não é mais variado: grandes planícies de uma serenidade melancólica, imersas numa luz replandescente e fúnebre, descoradas, arenosas, intermináveis.
E por fim a verdade desponta: a Índia não é um país bonito como, por exemplo, a Itália, nem pitoresco como por exemplo o Japão. A Índia é um continente onde são dignos de interesse, sobretudo, os aspectos humanos. Desse ponto de vista, a Índia é com certeza a nação mais original de toda a Ásia, pelo menos para nós europeus, que logo tentamos descobrir semelhanças e afinidades que procuramos em vão na China ou no Japão. A aventura política, social, religiosa e artistica daquele ramo de estirpe nórdica que, em vez de se dirigir para a Europa desceu ao sub-continente, é plena de fascínio e de ensinamentos para os europeus. Diríamos mesmo que não se pode compreender por completo a civilização europeia se não se conhecer a Índia. Mas a Índia vista com olhos de turista ignorante até pode ser uma desilusão."

(Alberto Moravia, Uma ideia da Índia, Viajar na Índia)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Relembrar o Festival da Canção...

Foi em 1989. Uma bela música para relembrar já que foi tantas vezes cantada em Karaoke ou outros devaneios de miúdas. Alguém consegue não cantar?

Vale a pena rever a menina dos cabelos longos de chapéu a cobri-los e a bela e viva poupa (tive de ir ver como se escrevia!) do rapaz da segunda voz... Nunca me soube tão bem rever isto! E cantar bem alto!

Eu ajudo no refrão:

Já fui ao Brasil
Praia e Bissau
Angola Moçambique
Goa e Macau
Ai, fui até Timor
Já fui um conquistador



(Só quero uma epopeia, vida tão cheia e oceanos de amor!)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

"Pesadelos e Miragens"

"(...) porém, está fora de dúvida que na Índia a realidade nunca está completamente ao nivel dos sentidos do homem, ou seja, nunca permite uma identificação indolor e fácil do homem com o ambiente natural e social. Pelo contrário, essa realidade é sempre anormal, entendendo-se por anormalidade tudo aquilo que não se apresenta à escala humana; e é-o de duas maneiras fundamentais e opostas: o pesadelo, ou seja, uma irrealidade angustiante, e a miragem, ou seja, uma irrealidade cativante.


A irrealidade do pesadelo é aquela que atinge de imediato o visitante. O clima tropical parece ser o motivo principal desta sensação oprimente. Um calor insuportavel, uma humidade louca, chuvas torrenciais e, quando o tempo está bom e fresco, como acontece no Inverno, qualquer coisa de excessivamente brilhante na luz e de dolorosamente faustoso nas cores fazem com que o homem na Índia viva sempre um pouco acima dos seus sentidos, numa situação angustiante de permanente incedulidade existencial. Ao clima se deve, portanto, que muitos aspectos da Índia tenham a intensidade insuportável das coisas que se vêem e vivem nos pesadelos. Fazendo outra comparação, parece que temos nos olhos umas lentes demasiado fortes que ansiamos por substituir. Da mesma maneira que anseia por acordar quem está a dormir e a ter um pesadelo."

(Alberto Moravia, Uma ideia da Índia, Pesadelos e miragens)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Cheira bem, cheira a Lisboa...

A que cheirará Goa?








(imagem tirada do blog A long road to find India, enquanto não tiver as minhas...)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Alberto Moravia, em 1961


"Por último, terão existido causas naturais para a pobreza; estamos a referir-nos ao clima e à situação geofísica da Índia. Mas não querenos alargar-nos sobre este motivo, apesar de invocado com frequência, porque não o reputamos verdadeiramente válido. Civilizações prósperas desenvolveram-se, no passado, em climas desfavoráveis; civilizações miseráveis definharam em climas favoráveis. O clima pode efectivamente ter contribuído para formar a mentalidade do indiano, até mesmo a sua filosofia; mas não a suz pobreza. As ideias negativas acerca do mundo e da vida, que são próprias do pensamento indiano, encontraram, contudo, nos tempos das origens, uma expressão positiva em maravilhosas obras de arte transbordantes de realismo e de vitalidade. São os homens que geram o mal dos homens; a natureza mais não faz do que secundá-los, seja qual for o rumo que eles tomem."

(Alberto Moravia, Uma ideia da Índia, A Pobreza)

domingo, 4 de julho de 2010

"Os olhos não sabem onde pousar,

porque onde não está a multidão humana está a multidão de esculturas..."

(Alberto Moravia, Uma ideia da Índia, O trauma do politeísmo)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

"Os grandes feitos são conseguidos não pela força mas pela preseverança"
(Samuel Johnson)