sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Mim-bai para Mumbai

Começava a deixar nas minhas costas a "europeidade" e as coisas tomavam maior dimensão. Estava mesmo a caminhar para o longe.

Gastei a minha última libra ao aceder à Internet, de um teclado sem cedilhas que me obrigava a escrever a expressão "forca com cedilha" de forma a que os amigos ficassem cientes que estava com força e não a caminhar para a forca...  :) Naquele momento tinha lágrimas nos olhos e um nervosismo à flor da pele como nunca senti. Costumava dizer quando fiz rappel, escalada ou paralelas, que eu era do tipo "mariquinhas corajosa". Que é como quem diz, faço mas a chorar, ou choro mas faço. Não me privo de o fazer. É como quando disse, antes de vir, "sinto-me como um nervoso miudinho que está a transformar-se num nervoso homenzarrão! 40% de ansiedade, 30% de certeza e 30% de nervosismo com tanto que há a tratar". E alguém me disse "mas tens a certeza? Eu nunca iria só com 30% de certeza". Pois eu iria. E vim. Eu não preciso de saber todos os resultados e fazer todas as análises para descobrir. E isto tem tanto de bom como de mau. Deixo-me viver as coisas, mas pode trazer-me carradas de trabalhos. Mas não crio ilusões. Todos sabem que não vim para esta aventura para enriquecer mais do que o meu espírito, encher a blogo-esfera com mais um "diário", ou todos vocês de saudades, claro :) ("presunção e água-benta..." eu para esta aventura prefiro a segunda!). Assim, tudo o que vier por acréscimo, que sei que virá, chama-se mais-valia.

"Mais-valia teres ido para a Europa... agora Goa?? Índia??" :)

Foi com nó na garganta que vi os segundos da net paga do aeroporto de Heathrow a sumirem-se. Peguei nas coisas, fui vestir as meias elásticas (linda menina!) e encaminhei-me para um novo mundo.
O avião era o maior onde já tinha estado. A táctica de 3-4-3 faziam dele um monstro que eu achava mais impossível de por no ar do que os outros que eu achava "os normais". Nós e esta necessidade de normalizar coisas...

Sentei-me no terceiro lugar a dar para um dos corredores e senti logo a diferença de continente. Maioritariamente eram pessoas indianas, hospedeiros de bordo (o único branquelas era um inglês antipático que me disse que tinha problemas nas costas e por issonão podia ajudar este metro e meio a colocar a sua pesada mala guardada no respectivo lugar. Eu até percebo, pois senão tinha problemas nas costas, é uma boa forma de arranjar um se atender a todas as meias-doses que lhe apareçam no caminho. Acho é que há formas de se dizer.

Bom, de facto faz frio quando se voa uma noite inteira num avião. Achei exagero quando vi a mantinha e as meinhas... mas depois ui ui que aconchega tão bem.
Ao meu lado dois senhores que não sorriam mas que não se acanhavam a ler um jornal de generalidades e em cuja capa uma generalidade de uma rapariga agarrada a umas (às suas!) mamas valentes! Não é que se veja em jornais portugueses (enumerava tantos), mas aparecer na contra-capa, fazia com que cada vez que olhava para o lado deparava-me com aquilo. Maneira que por aquilo ou por outra razão andei a fazer zapping em busca de filmes que me mantivessem acordada mais de 20 minutos e nenhum passou os dez. A minha recordação da viagem foi acordar sem saber onde estava "n" vezes e depois olhar para a dita senhora e "ah, a caminho de Mumbai" e voltar a dormir e acordar ora para a o jantar, ora para a ceia, ora para a mini-refeição... sentia-me como porquinho na engorda. Em breve seria um porquinho da Índia! (desculpem a piadola fácil... mas com o cérebro como estava não podia mais).

Assim fui experimentado coisas com massala light (a malandra que faz tudo ficar tão spicy), um sabor novo aqui, um sabor novo acoli...
Foi também aqui que abri um envelope que me tinha sido dado para abrir em caso de emergência. Depois do email de Londres tornara-se emergente abri-lo!
Os meus olhos viram um mosaico de fotos minhas e da Maria com uma mensagem pequena mas bonita. Obrigada Maria! O senhor ao meu lado deve ter adorado ouvir-me fungar! :)

A boa notícia foi quando olhei para o relógio, eram seis da manhã e pensei que ainda faltavam 5 horas, pois o vôo chegaria às 11h. Estava eu a fazer esta álgebra complicadíssma, quando oiço o comandante a dizer que dentro de meia hora chegaríamos a Mumbai, hora local 11h! Hora local! Ahahahah...

Estava em solo indiano!

2 comentários:

  1. Obrigada??? Pfff! Vem "masé" cá dar-me 1 gde bjo e 1 abracinho! =) Continua a escrever, mas quer dizer...hje é dia 25 e estou a ler 1 texto de dia 6? N pode ser =P Beijinho muito muito muito grande, directamente de terras alentejanas. GMDT!!!

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  2. força amiga!!!

    Gosto de te "ler" e imaginar-te por aí... :)

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