sábado, 7 de agosto de 2010

Buzinas, há muitas!

No caminho do aeroporto para o meu destino conheci pessoalmente a Nalini e o projecto, o filho Anish de dez e a filha Maya, menina muito feminina de quatro anos que tem a particularidade (de resto como muitas meninas da sua idade) de enterrar a sua cabeça no colo da mãe, no peito da mãe, no braço da mãe... :)
Identifiquei o Jude, sem sorriso e só a acompanhar a Nalini, sem intenção de palavras ou de partilhas, e o Vigil que se me aparecesse sozinho bem que não me punha naquele carro com ele. Ahahahah... hoje em dia é o que me mantém segura!
A cor do céu era cinzenta, que eu não distinguia se era da chuva ou do anoitecer que estaria para breve, passava das 18h, e contrastava com o laranja do chão, em poças ou em áreas do que parecia ser barro compacto. E depois na viagem o verde, verde, verde da vegetação.
Fomos a conversar sobre tanta coisa, com a Nalini a fazer um esforço de tornar ao português fluido, e eu tentava distrair a minha atenção de fora da estrada que tanto me descreveram antes de vir.
Mas rapidamente me apercebi que esta gente apita para tudo:
para ultrapassar,
para ficar no sítio,
para dizer "anda mais rápido",
para dizer "sai da frente",
para dizer "estou vivo",
para dizer "se não queres morrer deixa passar quem conduz",
para assustar as motas,
para avisá-las da presença,
para mostrar indignação,
para mostrar quem manda na estrada,
para mostrar que não gostam da sua presença na estrada,
para pressionarem,
para dizerem "encosta aí e axandra-te!"...
porque sim, e porque não.

Pois que fiz este reparo e a minha anfitriã disse que percebi rápido o esquema!
Evitei começar logo nas iguarias à beira da estrada e aguentei o Ratão que tinha no estômago até à hora de jantar onde conheci o marido da Nalini. A viagem do aeroporto para onde fui deixar as minhas malas pareceu-me enorme e demorada, ou então era cansaço acumulado e jet-leg e essas coisas finas de quem viaja!
Estava com formigueiro na barriga de nervosismo e antes de jantar fui deixar as minhas coisas onde vou permanecer até ao final do mês de Setembro: em Candolim, taluka de Bardez, estado de Goa. É um resort cedido até Setembro, fim do qual terei de procurar nova habitação. Vou procurar mais perto de onde vou estar maistempo a trabalhar. Ganharei em tempos de viagem, perderei em gargalhadas interiores nos percursos que contarei mais tarde.

O marido da Nalini fala português e o filho mais velho percebe tudo e participa. A Maya pequenina, para mim, é imperceptível...
Depois do jantar, cheguei àquela que seria a minha casa e decidi, em vez de me deitar, arrumar tudo quanto trazia no seu devido sítio. E como a estadia é longa (embora parecesse que só ia ficar por alguns dias...) pus-me o mais confortável e em casa possível com direito a fotos expostas e tudo!.
O quarto é bastante espaçoso e tem uma sala boa de tamanho com televisao e três sofás, uma mesa redonda onde me sento a escrever e duas janelas na sala e uma varanda no quarto. Casa de banho com tecto e parte exterior da banheira de madeira e umas traseiras para casas particulares e grandes coqueiros.
Tem luz suficiente e ar condicionado que descobri cinco dias depois, valendo-me das duas ventoinhas que tenho no tecto e que dão tanto fresco como o barulho que fazem!
Dormi cansadíssima e na manhã seguinte tinha boleia daqui para Dona Paula onde conheci um dos espaços onde ia dar aulas, e onde comecei os primeiros contactos com o Jude, apesar do silêncio inicial.
Mas tinha de pedir para repetir tudo sempre, causando desconforto em mim e provável impaciência nele(s).

Sexta-feira regular e contente por ter começado finalmente a minha conquista, a minha estadia.
Mal sabia o fim-de-semana que aí vinha.Claro que não poderia pensar nisso! Tinha na minha mão a tão prometida pen que me ligaria à internet...
As que amo.

4 comentários:

  1. LOL... já tinha ouvido falar que o transito aí era o caos, não que além disso ainda apitavam por tudo e por nada!!!
    O teu quarto pareceu-me fofinho :) tens de mostrar umas fotos ;)
    Banheira de madeira? nao sei se já alguma vez vi alguma :p

    Beijocas grandes.... vai dando notícias :)

    ResponderEliminar
  2. Inês, também apitam por nada e por tudo, que foi outra que me esqueci de dizer. E porque quererm apressar, pressionar, contestar ou só não ficar calado.

    A banheira é forrada a madeira... e o tecto também. O quarto é fofinho e grandinho... até albergo outros seres...e não falo da Mariana ;)

    ResponderEliminar
  3. As buzinadelas também me davam cabo do juizo, Joanita!É que é incrível! É mesmo por tudo e por nada! Fiz uma viagem de 5 horas de carro entre Dehli e Agra que foi infernal! ; )Anita

    ResponderEliminar
  4. É tão giro estar a ver toda essa descrição! E ouvir falar dos outros "seres" que por aí andaram (e que felizmente! se acabrunharam durante a minha estadia ;)
    Beijos,
    M

    ResponderEliminar